quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Quando falo de dor ...



 No mesmo tom que se fala de um falecido, falo desse ano. Arrepios de dor tomam conta de mim ao anoitecer, quando a noite deixa claro onde está a ferida. Meus olhos agitados na cama, pulo a janela e sento para ver a cidade, a névoa me abraça e o calor do meu coração declara aos gritos o arrependimento. Onde está a vida? Tudo tem sido tão injusto. A certeza das minhas escolhas tornam-se grandes erros. E eu que me achava tão madura. Início do ano: euforia, meio do ano: esporro, final do ano: dor. Ao meu ver este ano foi perdido, é como se ele se subtraísse da minha vida, submergisse. É tão típico falar de dor e cicatrizes, mas eu falo de uma dor tão verdadeira, corrosiva, fatal. Desde a hora em que acordo ela me tortura, é como se meu coração estivesse sendo pressionado, literalmente. À noite ela se acentua, e como eu disse, a escuridão deixa claro onde está a ferida. Tento me prender a pequenos vícios pra esquecer tudo isso (anestesia), me comporto como uma mulherzinha boba. Academia, corrida, salão, dermatologista, shopping, roupas, biquines, vestidos, sapatos. Existe meu lado culto também. Livros, livrarias, pesquisas, documentários, jornal.

E eu vou sonhando... sonhando em ser curada, sonhando em ser o suficiente, em superar as expectativas, sonhando em ver o sol nascer, em encontrar alguém, em encontrar até mesmo um amor. Eu sonho, porque são meus sonhos que não me deixam cair.

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